quarta-feira, 1 de julho de 2009

CEU Jaguare - perguntas que nao querem calar

Curiosamente, as fontes que citei anteriormente sobre a situação do prédio da antiga Cooperativa Agrícula de Cotia (supostamente com lixos químicos bem em frente ao CEU Jaguaré), calaram-se por completo ( o único link ativo ainda é de um site de uma empresa, quem nem da capital é).

Será que o lixo já foi retirado dali e a descontaminação do solo e do lençol freático ja foram feitos? Deu tempo?

Pior ainda, gente séria, que sempre batalhou pelo Jaguaré, vem por meio do boletim paroquial recordar somente a tragetória de luta pela implantação do CEU Jaguaré na gestão passada e ainda termina seu artigo com a frase sugestiva de "mãos a obra e cabeça no lugar para que tudo isso traga melhorias e bem estar para todos!", em uma clara oposição ao que divulguei aqui neste blog, sobretudo por meio de fotos que contradizem o que postei anteriormente. Em nenhum momento questiona a quebra do processo educativo ao retirar alunos de sua escola em pleno ano letivo, somente para configurar uma clientela ficticia para fazer número no CEU Jaguaré.

Portanto, volto ao assunto.
Conheço muito bem a tragétoria de reinvindicação e conquista que o CEU Jaguaré representa a todos nós. Repito que não sou contra a ele. Apenas questiono a forma de sua implementação, de forma absolutamente atropelada.

Os alunos do Jaguaré, em 2009, já estão devidamente acolhidos nas escolas que citei anteriormente. Prudente e necessário seria somente uma pesquisa de demanda e preferência entre as famílias do entorno, mas com deslocamento dos alunos somente para 2010. Isso seria o correto e justo, não o que foi feito por uma escola do bairro: comunicar que as famílias que não fisessem a opção por matricular seus filhos já em 2009 no CEU Jaguaré não teriam garantia de vagas para 2010 - isso é, de certa forma, induzir a escolha.

E as perguntas continuam no ar: por que esta pressa? Vínculos pedagógicos e afetivos entre educadores e educandos não contam mais?!? Estamos pondo no lixo tantos estudos, tantas pesquisas e teorias pedagógicas? As instituições exitem para as pessoas ou as pessoas existem para as insituições?

Reparem que não mais questiono aqui o entorno do CEU Jaguaré (eventual contaminação do solo e do lençol freático), pois acredito que com vontade política tudo isso pode ser corrigido. Mesma vontade que parece inexistir ao determinar o deslocamento de alunos de sua escola (ponho escola, no singular, pois apenas uma está "desesperada" em romper os vínculos pedagógicos, ao enviar parte de seus alunos para o novo CEU já no segundo semestre de 2009).

Repito novamente: não estou contra a existência do CEU Jaguaré, não estou contra melhorias ao nosso bairro, nem combato pessoas e instituições. Muito pelo contrário, estou defendendo a credibilidade já um tanto perdida nas instituições, evitando que o sonho repentino vire-se em um forte pesadelo: as pessoas que hoje aplaudem sem questionar podem tornar-se vítimas no futuro de algo que cresceu de forma não natural, uma forma quase que abortiva. Já dizia o ditado popular: "quem tem pressa, come cru e quente". Estou com a consciência em paz.

Para quem está chegando agora, e ainda não sabe da polêmica, siga este link:
http://jaguaresp.blogspot.com/2009/06/ceu-jaguare-importante-saber-antes-de.html

Abraços fraternais.
João César
(morador do bairro desde que nasceu, família presente no mesmo há décadas [avô, João Pereira, foi fundador da Sociedade Amigos do Bairro]; membro ativo de comunidade católica [Paróquia São José do Jaguaré]; educador, por formação e vocação, ativo no bairro há mais de 12 anos, conhecedor das verdadeiras necessidades, sem máscaras e tapeações, não tolera injustiças e enganações [para si e para os outros] - "o bom exemplo para as novas gerações vem por atitudes, não por discursos bonitos e vazios").

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Apesar de Você

Este vídeo, montado a partir da música de Chico Buarque, mostra a realidade angustiante vivenciada por diversos educadores pelo Brasil afora, especialmente por aqueles que lecionam comigo.

Não é uma crítica a pessoas (as quais devem ser respeitadas sempre, mesmo que não respeitem), mas a determinadas ATITUDES.

Afinal, o pecador (sujeito) não pode confundido com o pecado (sua ação), como afirmou várias vezes o grande Teólogo Santo Agostinho.

As pessoas que oprimem deveriam pensar que para cada ação, há uma reação. Optei por reagir artisticamente, porque ainda acredito no ser humano e nos princípios democráticos.

Abraços cordiais a todos!

Professor João César
São Paulo - SP - Brasil
(primavera de 2008)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A ELEIÇÃO DO MÁGICO

O povo do reino do Nada-se-leva-a-sério estava feliz. Haveria eleições. Seriam escolhidos os novos mágicos oficiais das províncias. Era um cargo muito cobiçado. Muitos o desejavam e, portanto, muitos eram os que se apresentavam como candidatos.

Depois de definidos os candidatos e as regras para a eleição, partiu-se para a campanha. Os candidatos corriam de aldeia em aldeia, para exibir suas magias e convencer camponeses e urbanos de que suas mágicas eram infalíveis. Muitos queriam apreciar os mágicos. Outros tornaram-se amigos particulares do candidato na esperança de que fizesse uma magia a seu favor.

Os mágicos, de fato, eram muito bons. Encantavam o povo. Não havia magia que eles não prometessem que sabiam fazer. E davam muitas demonstrações: faziam aparecer dinheiro, desaparecer fatos, sumir desânimos e brotar esperanças. E não era só isso: Muitas magias eram prometidas para um futuro bem próximo, caso o povo votasse neles.

Finalmente, chegou o dia das eleições. O povo todo correu para eleger o mágico de sua província. Os eleitos se alegravam, os derrotados choravam e acusavam os vencedores de terem usado a magia para se elegerem, o que não era de todo improcedente.

Mas, depois da eleição, o povo começou a observar uma coisa: os eleitos não mais falavam em magias, apenas brigavam entre si pela divisão dos aparelhos. Todos os que haviam ajudado na eleição queriam um aparelho para si e o povo foi para casa triste, esperando a próxima eleição, quem sabe, a do mágico do reino.
VIAN, Itamar. Sabedoria da vida: histórias que ensinam. Aparecida SP: Editora Santuário, 2000. pp. 129-130.
www.editorasantuario.com.br

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ano Municipal do Folclore

Se você tem problemas a resolver com o Município, seus problemas acabaram. Chegou o Ano Municipal do Folclore. Agora, cada mês tem seu próprio patrono. Confira os detalhes no vídeo abaixo

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Vídeo de crítica humorística à situações, jamais a pessoas e instituições

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Sociedade Educadora - uma realidade ou uma farsa?

Peço desculpas aos leitores por fugir, neste artigo, do perfil do blog, que é uma crítica bem humorada dos atuais caminhos da educação. O assunto agora é de extrema gravidade e assim deverá ser tratado. Grato pela compreensão.
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SOCIEDADE EDUCADORA - UMA REALIDADE OU UMA FARSA?

Constantemente a imprensa torna público casos de menores de idade que envolvem-se em crimes. Isto está tornando-se cada vez mais freqüente, beirando a banalização.

Aqui não estou analisando se, agindo assim, a imprensa está certa ou não. Quero apenas, de forma bem prática, ilustrar que menores de idade não estariam envolvidos em crimes se fossem tratados com seriedade por uma sociedade que se diz educadora e protetora das crianças e dos adolescentes.

Parto do princípio de que ninguém nasce mal, mas assim se torna por convivência ou, pior ainda, por negligência. E esta é a palavra-chave deste texto.

Costumo comparar uma criança a uma plantinha. Se ela for bem cuidada e tratada - aguada, terra afofada, luz solar em quantidade certa, local arejado, espaço para crescer, estacas para guiar seu crescimento e eventuais podas de folhas secas ou até mesmo de galhos que crescem de forma descontrolada, a plantinha será sempre saudável e com um crescimento natural que não lhe prejudica, nem a outras plantinhas que estejam por perto.

A criança também: bem tratada, bem orientada e corrigida da forma certa e do modo certo, continuará crescendo sem prejudicar a si e a outros - cabe lembrar que a criança não existe sozinha, por isso seu crescimento não deve ofuscar o crescimento de outras crianças!

Tanto a criança, como a plantinha, se postas sob uma redoma protetora, cessarão o crescimento; Se em crescimento desordenado, sem estacas, sem limites, estarão pondo-se ao risco de tombarem ao primeiro vento forte, bem como de atrapalharem o crescimento de quem estiver por perto. Tanto o caso da redoma (cuidados excessivos), como o caso da falta de estacas (de limites) são formas de NEGLIGÊNCIA.

Posto isso, chego onde quero: se a criança é negligenciada em seu desenvolvimento sadio, será um ser humano problemático, gerando desconfortos - para não dizer perigos - para si e para os outros.

Voltando ao exemplo da plantinha: alguém acha correto uma planta secando por falta de ar e espaço (sob a redoma) ou demasiadamente crescida, com suas folhas secando, além de fazer sombra a outras plantas? A mesma coisa a criança: se ela está definhando ou causando incômodo, tudo isso poderia ser prevenido.

Sou defensor árduo da Educação Preventiva, que só pode ocorrer com a Presença Educativa. E essas duas expressões - Educação Preventiva e Presença Educativa - foram práticas constantes de um educador que viveu no norte da Itália do século XIX - e ainda muita gente, dita educadora, não aprendeu em pleno século XXI !

Casos como Champinha seriam evitados se crianças e adolescentes não fossem negligenciados em seu desenvolvimento. Se a família, em algum momento falhou, por que a sociedade não lhe veio em socorro? Não estou defendendo ninguém, nem justificando nada, mas mostrando que esse caso - e tantos outros - não ocorreriam se vivêssemos em uma Sociedade Educadora de verdade.

Nós professores - eu sou há 12 anos e não me arrependo disso jamais! - lidamos com futuros cidadãos ou com futuros Champinhas. Só que lidamos solitariamente, sem ajuda de outros profissionais que poderiam conosco trabalhar na Educação Preventiva. Não que tais profissionais inexistam - há ótimos médicos, assistentes sociais, advogados, psicólogos e conselheiros tutelares - mas não há uma rede de trabalho multiprofissional que atenda a criança e o adolescente em suas necessidades. Sobra tudo para a Escola, e esta acaba não dando conta nem de seu papel educativo, nem de prestar socorro necessário a quem precisa, do modo certo e no momento oportuno. Soma-se isso a práticas políticas assistencialistas, que terminam por comprometer o espaço salutar que a criança teria para crescer de forma tranqüila e alegre.

Termino aqui por lançar um desafio a Prefeitura do maior município da America Latina, na qual trabalho há 10 anos e muito li e escutei, mas pouco vi de prática preventiva: criar essa bendita rede multiprofissional de forma ativa e efetiva, o mais rápido possível. Ótimos profissionais a Prefeitura tem sim, basta articulação. Afinal Educação vai muito além de boas idéias, de belos textos lidos em horários coletivos, de ótimos materiais pedagógicos editados e da contagem de quantos alunos são pré-silabicos, silábicos ou alfabéticos.

Arregacemos as mangas, nossas crianças e nossos adolescentes contam com Educação que se faça com seriedade e efetividade de ações, que ultrapassa teorias pedagógicas, papo bonito e políticas assistencialistas. Só assim estaremos esvaziando, efetivamente e definitivamente, as Febens - não basta mudar de nome!

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João César Pereira Fernandes
Professor Efetivo (1ª a 4ª série) na Prefeitura de S. Paulo, exercendo o direito constitucional de liberdade de expressão.

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“E é assim que falamos, não para agradar a seres humanos, mas a Deus, que examina os nossos corações.”

(1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, capítulo 2, versículo 4b)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Democracia X Demagogia

Não podemos, jamais, confundir democracia com demagogia.
E, em Educação, sobretudo no Município de São Paulo, esta última está dominando.

Assim é mais fácil. Em nome da democracia, da vontade da maioria, decide-se coisas que podem prejudicar essa mesma maioria, sem levar-se em conta necessidades e dados técnicos. A anedota abaixo ilustra o caso ocorrido em uma escola (qualquer semelhança, mera coincidência):

Um grupo de pessoas, na verdade representantes de todos, decidiu, por maioria de votos que:
a) A partir de 31 de fevereiro de 2007 todos deverão calçar os tênis antes das meias, vestir calças sobre a cabeça, colocar o boné por entre as pernas e dançar a dança do siri. Apesar das dificuldades técnicas óbvias, esse ritual deverá ser realizado, pois foi decidido pela maioria de votos dos representantes.
b) Em caso de acidentes com feridos o SAMU só poderá ser acionado caso seja decidido pela maioria de votos, pois em uma democracia tudo deve ser decidido pela coletividade.
c) As decisões previstas em lei e consagradas pelos costumes só poderão valer em torno de 100 metros da escola se a maioria dos membros decidirem por voto. Isso vale, por exemplo, em casos do tipo: carros trafegarão ou estacionarão em calçadas, pedestres andarão pelo meio da rua, o semáforo com vermelho aceso não caracteriza proibição de fluxo de trânsito etc.

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terça-feira, 21 de agosto de 2007

• Aluno que lê somente letra maiúscula de forma está alfabetizado? E os jornais, panfletos de supermercados, livros etc - estão escritos somente com letra maiúscula de forma?!?

• "O Professor deve conquistar o aluno". Tudo bem, mas o aluno também não deve conquistar seu professor e seus colegas?!?

• "Vamos decidir tudo democraticamente pelo voto". Muitas coisas podem - e devem ser decididas pelo voto. Mas nem tudo. Casos urgentes, determinações já decididas em leis, ou fatores de ordem técnica não têm, jamais, condições de serem submetidos ao voto! Ou alguém vai submeter ao voto a necessidade de se chamar os bombeiros para apagar um incêndio; pedir o voto da maioria para permitir a circulação de carros com o sinal vermelho; "a partir de hoje a maioria das pessoas optou por escrever de trás para frente, calçar os tênis antes das meias, pôr as calças sobre a cabeça e o boné por entre as pernas". - façam-me o favor....

"Meu método de ensino é o mais correto, os outros estão errados. Fulado de tal escreveu que devemos fazer assim, assim e assim - e todo o problema de alfabetização e indisciplina estarão resolvidos. Fazendo de outro jeito não funcionará, escreveu Beltrano da Silva Sauro". Que beleza! Se já se descobriu a fórmula mágica para tudo, porque as coisas estão cada vez piores?!?

"Vamos incluir todos os alunos na sala de aula, nem que para isso excluamos todos os demais". Incluir é coisa séria, não se faz apenas por desejo ou decreto. Se não houver uma ótima estrutura de profissionais, tudo será mera demagogia!!!!

Estamos para o aluno ou para os alunos? Somos professores de um aluno ou de todos os alunos? O aluno só existe no coletivo, junto a outros alunos. Então chega desse negócio de um (ou uma minoria) monopolizar as coisas, as atenções e os afetos!!!

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Com essas colocações iniciais, pretendo introduzir estas minhas reflexões em forma de web log, pois acredito que são angústias de muitos educadores.

Quero deixar bem claro que não pretendo com esta iniciativa desprezar tudo o que de belo vem ocorrendo na Educação, mas mostrar que tudo tem mais de um lado.

Não é porque eu subi por um lado da montanha que eu estou certo e os outros, que subiram por outros lados, estão errados! A montanha é a mesma, mudou-se apenas os lados.

Não quero confrontos, pois a vida já é dura! Quero apenas criar este espaço para mostrar de forma ativa e, por que não, bem humorada, que existem várias formas de se ver e tratar as coisas, inclusive a Educação. Quem não concordar, que crie o seu espaço alternativo como criei o meu.

Se é verdade que precisamos resgatar o lúdico na criança, porque não em nós também, com bom humor e até mesmo com uma pitada de ironia? Por que reduzir tudo ao científico? Vamos rir um pouco de nossa miséria, como se diz popularmente.

De tratados científicos e sisudos a Educação está entupida. Vamos agora trata-la com um pouco de descontração, mas sem deixar de ver e apontar as falhas que ocorrem por este mundo a fora.

Obrigado por ler estas linhas.

Um fraternal abraço.
João Cesar.